SUICÍDIO: assunto que ainda é tabu (ainda mais no esporte)!
Texto de Jassyara Ribeiro e Marina Gusson
Precisamos falar sobre o tema! Comprometer-se em PREVENIR suicídios nos convida a ir além, a olharmos para as VIDAS. Não basta abordar os transtornos mentais que podem causá-lo, precisamos – enquanto profissionais de saúde - nos responsabilizar pela a construção diária da SAÚDE MENTAL no contexto do esporte (que vai muito além da ausência de doenças ou de ter um corpo organicamente saudável).
Nosso olhar se amplia para além de um sujeito em sofrimento para perceber uma cultura “adoecedora”, na qual viver as próprias vulnerabilidades se torna motivo de vergonha, sensação de desajustamento, impotência e fracasso, levando ao isolamento social e/ou a criação de um “personagem” para que ninguém descubra o que realmente está sentindo.
E inserido nessa cultura, temos o esporte, que em sua faceta do alto rendimento, carrega um Ode à Perfomance, tempero perigoso para a situação supracitada. Atletas são exigidos em seu máximo rendimento e sob grande pressão, ficam mais vulneráveis à transtornos mentais. Por outro lado, exigem-se e são exigidos em serem “fortes” física e mentalmente, havendo pouco espaço e acolhimento para viver, aceitar e legitimar suas vulnerabilidades. Não querem ser julgados como alguém que “não deu conta do recado”.
E não podemos deixar de considerar também todo corpo de profissionais que trabalham com os atletas e que também carecem dessa atenção e zelo. Se existe todo esse peso sobre os atletas, imaginem o que recai sobre as lideranças como treinadores e demais integrantes das comissões técnicas?
Já deu para perceber que é difícil saber “para onde correr”…
Falar sobre Prevenção ao Suicídio no Esporte é trazer as vulnerabilidades para a pauta, tirá-las das sombras escondidas e temidas para que deixem de ser vilãs e sejam compreendidas e aceitas como parte da nossa humanidade. E não somente em termos das experiências individuais, mas também – e principalmente – no âmbito da cultura das equipes, clubes, federações, confederações, ou seja, das instituições esportivas que darão os contornos às experiências dos indivíduos.
E esse papel também é da Psicologia do Esporte, por se tratar de profissionais qualificados para abordar o tema em toda sua complexidade, sem o risco de cair no trabalho raso de autoajuda. Aceitar limitações, entender vulnerabilidades, perceber que nem tudo é sucesso e que alegrias e tristezas fazem parte da vida - apesar de ser simples de escrever - é um processo subjetivo denso e que exige coragem e uma rede de apoio participativa.
Se você desenvolver este tipo de trabalho onde estiver, saiba que está atuando na prevenção ao suicídio, pois está criando canais de comunicação e confiança para que o tabu quebrado e dê espaço a uma nova leitura do sofrimento que autoriza e potencializa indivíduos a buscar apoio e, paralelamente, prepara instituições (leia aqui: “as pessoas que constituem as instituições”) a suportarem e darem suporte em situações de risco.
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